segunda-feira, 15 de junho de 2020

Diversidade e sensibilidade adolescente na Netflix


Quem pensa, ao ler a sinopse do filme Você nem imagina na Netflix, que este é mais um enlatado-adolescente-clichê-americano, está enganado. Também se engana quem pensa tratar-se de mais um filme LGBT apelativo ou extremista. Eu classificaria Você nem imagina como um simples drama romântico e só, pois às vezes rótulos oportunistas acabam tirando a grande oportunidade de pessoas desinformadas ou preconceituosas de desfrutarem de uma obra de arte como essa, e, principalmente, sua mensagem em defesa da diversidade, algo mais do que necessário neste cenário de intolerância.

The Half of It (título original) é um filme norte-americano, escrito e dirigido por Alice Wu, e estrelado por Leah Lewis, Daniel Diemer, Alexxis Lemire e Collin Chou, lançado em 1 de maio de 2020, pela Netflix.

Segundo a crítica Letícia Mendes, do site Mulher no Cinema, “a protagonista Ellie Chu (Leah Lewis) é filha única de um imigrante chinês viúvo, que na China era engenheiro, mas nos Estados Unidos não consegue o mesmo tipo de trabalho. Eles moram em uma cidade pequena e, para ajudar nas contas da casa, Ellie vende redações que escreve para muitos dos colegas de classe. Um dia, Paul Munsky (Daniel Diemer), um atleta gentil, mas meio bobo, oferece pagar para que Ellie escreva em seu nome uma carta de amor para Aster Flores (Alexxis Lemire), uma garota “muito mais do que um rosto bonitinho” que é filha de latinos cristãos. As trocas de cartas passam para muitos envios de mensagens no celular entre as duas e, claro, Ellie se apaixona por Aster. O triângulo amoroso é formado”.

“Ao longo da narrativa, Alice Wu insere diversas citações de autores como Oscar Wilde (1854-1900) e Kazuo Ishiguro, além de referências de filmes cults de Wim Wenders e Howard Hawks (1896-1977) que falam sobre o amor. Aqui, as obras de arte são usadas como pano de fundo para mostrar que as vulnerabilidades de Ellie, Paul e Aster servem para eles se aproximarem e serem íntimos, cada um do seu jeito, com sua particularidade, tentando escapar da idealização do romance juvenil. Encontrar a alma gêmea, a pessoa que vai gostar das mesmas coisas que você, casar com o namorado da escola e ser “feliz para sempre” – trata-se de uma criação cultural que foi bem propagada pela cultura de massa da TV e do cinema”. 


Eu, particularmente (que sou suspeito, pois adoro filmes românticos), achei este um dos melhores filmes do gênero, com destaque para a atriz Leah Lewis, que soube dar a profundidade e sensibilidade que a personagem central exigia, mostrando que quebrar tabus pode ser menos doloroso do que se imagina, bem como o amor verdadeiro nunca será sujo, mesmo que não seja fechado ou definitivo (estilo “para sempre”), independentemente do sexo dos amantes, como fomos ensinados desde criancinhas a imaginar. Quem quer aventurar-se por tentar enxergar a linha tênue entre amor e amizade tem a obrigação de ver esse filme. (4 estrelas).

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